Métodos diferentes estão à disposição de pacientes que sofrem com lesões ou inflamações nas articulações. É importante identificar a causa para encontrar o melhor método
Quem sofre com elas diz ser capaz de “qualquer coisa por alívio”, mas lidar com dores musculares, articulares ou posturais não é simples. Nem rápido. A dúvida sobre qual médico procurar – se ortopedista, reumatologista ou neurologista – é tão comum quanto qual abordagem da fisioterapia escolher. Essa evoluiu tanto que a oferta de técnicas deixa muita gente confusa: pilates, RPG, cinesioterapia ou terapias manuais são algumas das opções, além da fisioterapia clássica, a mais disseminada nas grandes clínicas credenciadas nos planos de saúde. A melhor opção, entretanto, para Rafael Duarte, coordenador do curso de fisioterapia da Faculdade de Ciências Médicas, é escolher não pelo método, mas sim pelo tipo de dor a ser tratada. “Se é uma lesão ortopédica, o ideal é procurar um fisioterapeuta com experiência nesse tratamento”, sugere.
Segundo Duarte, há diversos tipos de lesões: as traumáticas, quando um acidente causa inflamação na articulação, provocando artrites; as degenerativas, quando, ao longo do tempo, o excesso de peso, atividade física incorreta ou mal programada sobrecarregam as articulações, levando a um quadro de artrose (que também pode inflamar e virar uma artrite); e as lesões relacionadas às más-formações e doenças genéticas. “A lesão traumática é aquela que a pessoa sente na hora, a inflamação vem junto com uma dor imediata. Na lesão degenerativa, a dor vem aos poucos, junto com a sobrecarga. Para lidar com ambas, a fisioterapia tem diversas abordagens. Costumo dizer que um fisioterapeuta tem uma caixa de ferramentas ou técnicas. Quando chega o paciente, ele precisa ser capaz de avaliar qual delas é mais adequada. Todas têm indicações e contraindicações”, diz.
Uma opção para abordagem das dores é o método Mckenzie, um tipo de terapia manual usado na abordagem de dores musculoesqueléticas da coluna e articulações do corpo. A técnica é indicada para dores da coluna e dores irradiadas, hérnias de disco, artrose das articulações (osteoartrose), lesões musculoesqueléticas do esporte, dores articulares (lesão do menisco, cotovelos, ombros), lesões musculotendíneas (tendinites, tendinoses, distensões, faceítes), dor de cabeça, desequilíbrio e tonteira de origem cervical, distúrbios da ATM e dores faciais, fibromialgia e na prevenção e orientação de novas crises. Segundo a fisioterapeuta Maria José Queiroz, credenciada pelo Instituto Mckenzie Internacional e com 17 anos de experiência no método, seu diferencial é a eficácia para detectar a verdadeira causa do problema e a rapidez para a resolução da dor: são necessárias, em média, de três a cinco sessões, com intervalos que variam de sete a 30 dias entre elas.
“O método Mckenzie também se destaca por ser um 'autotratamento' e pelo seu aspecto preventivo. O tratamento prescrito é feito pelo próprio paciente, habilitado a se autotratar e a prevenir futuras crises. Os exercícios são de fácil execução e devem ser feitos várias vezes ao dia, em casa ou no trabalho, sem a necessidade da ida diária à clínica de fisioterapia”, explica. Por meio de testes com movimentos, chamados testes mecânicos, o primeiro passo é detectar a causa do problema. “Só depois de avaliar e entender o que está ocorrendo na mecânica da articulação é que será aplicado o movimento terapêutico e serão dadas as orientações necessárias ao paciente. O tratamento, portanto, é individual e o exercício reparador vai variar de indivíduo para indivíduo”, explica a especialista.
POSTURA
Uma fonte comum de dor são as atividades do nosso dia a dia, embora nem sempre percebamos. Atividades que demandam a elevação do braço por um tempo maior, como escrever no quadro, digitar ou mesmo trabalhar na linha de produção, geralmente, podem causar danos nesses tecidos. Posições estáticas adotadas em algumas ocupações com o ajoelhar e agachar prolongado são mais um exemplo. A postura relaxada também pode ser fonte de estresse nas articulações. “Quando ficamos de pé ou assentados com os ombros caídos e a coluna curvada para a frente, as articulações são obrigadas a trabalhar numa posição inadequada e em uma ergonomia ruim. Seria como se toda a articulação tivesse que trabalhar em dobro. Quando a má postura é mantida por um tempo maior, ou se torna um hábito, a lesão se instala e a dor pode aparecer. Muitos problemas articulares começam assim.
Abordar a postura é a proposta da Reeducação Postural Global (RPG) e Sensações Somáticas e Reeducação Postural (SSRP). Segundo a fisioterapeuta Henriqueta Teixeira, especialista nas duas técnicas, trata-se de uma reeducação global porque é um trabalho de alongamento da ponta dos pés à cabeça, alongando todos os músculos dessa cadeia ao mesmo tempo. Segundo a especialista, o RPG trabalha dois tipos de músculo: o que sustenta a postura e o que realiza o movimento. Esse último tem inervação voluntária, por isso podemos comandá-lo. Já a musculatura estática, que sustenta o corpo, tem inervação automática e reflexa e não responde aos nossos comandos voluntários. “Por isso, não faz sentido a mãe chamar a atenção da filha para que conserte a postura porque a musculatura que sustenta o corpo não obedece comandos voluntários”, explica.
O RPG trabalha, primordialmente, com essa musculatura. Ao trabalhar a contração própria dessa musculatura estática, ele fortalece e alonga esses músculos. “A dor vem da sobrecarga dessa articulação. Quando fortalecemos a musculatura estática, os músculos ficam mais eficientes. Sobrecarregou essa articulação, desequilibrou essa musculatura estática.”
Escolha cuidadosa
Para se beneficiar de fisioterapia não é preciso uma indicação médica, embora seja essa a única forma de fazer o tratamento pelo plano de saúde. É o fisioterapeuta quem descobre a origem da dor e como abordá-la. A escolha pelo tratamento, portanto, depende de como o paciente definiu o profissional que vai atendê-lo. Rafael chama a atenção para a importância de procurar referências sobre o profissional: onde se formou, que cursos fez, se tem experiência no tratamento da dor em questão.
Fonte: UAI
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