Excesso de peso, sedentarismo e postura incorreta podem provocar lombalgia. Tratamento reúne diferentes métodos, que vão da acupuntura à fisioterapia
Já dizia o pai da medicina, Hipócrates: conheça bem a sua coluna vertebral para evitar problemas. Se todo mundo seguisse o conselho do médico grego, a dor lombar não causaria tanto incômodo. Basta um pequeno descuido para ela aparecer com força total. Carregar excesso de peso, sentar de forma desajeitada no sofá e até a falta de atividade física podem desencadear a lombalgia.
Equilíbrio postural. É essa a chave do método criado por um alemão que virou moda, o pilates. Interessado em investigar os benefícios da atividade que ganhou tanta popularidade no Brasil, o educador físico e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro Mauro Gonçalves conseguiu provar que os exercícios reduzem a ocorrência de lombalgia. Para chegar a essa conclusão, Gonçalves acompanhou 20 mulheres fisicamente ativas, de 18 a 25 anos, que fizeram aula de pilates por oito semanas. O foco eram movimentos para fortalecer a região lombar. “A postura em que são realizados os exercícios, assim como as orientações do profissional da área da saúde, exigem trabalho dos músculos do tronco, o que contribui para o aumento de força e resistência, essenciais para uma melhor postura e consequente prevenção ou diminuição da dor lombar”, conta ele, que coordena o Laboratório de Biomecânica da Unesp Rio Claro. As voluntárias tiveram ganho ao estabilizar a coluna lombar, equilibrando a força dos músculos da região abdominal e das costas. Segundo Gonçalves, o pilates é indicado tanto para alívio da dor quanto para prevenir alterações posturais que podem gerar incômodo. “Os exercícios são apenas coadjuvantes. Não adianta fazer as aulas e depois continuar com uma postura inadequada no trabalho, em casa ou em outras atividades de vida diária”, frisa.
A especialista em quiropraxia Beatriz Ribeiro Esteves compara a coluna vertebral a um carro: desalinha à medida que você usa. Carregar o filho, viajar apertado no avião e até sentar com a carteira no bolso de trás da calça pode provocar movimentos imperceptíveis que causam desalinhamento da estrutura óssea. Originária dos Estados Unidos, a técnica cujo nome vem do grego (quiro significa mãos, e praxia, prática) visa reposicionar vértebras fora do lugar com movimentos rápidos e precisos. A dor surge quando a vértebra sai do lugar e o osso acaba encostando em um nervo, por isso a justificativa de que alinhar a coluna acaba com incômodos. A teoria é simples, mas na prática colocar o esqueleto na posição correta exige tempo. “É preciso apagar a memória e dar um novo estímulo ao corpo, senão ele tende a voltar para a posição antiga”, diz a quiroprata. O processo dura até o corpo se acostumar com o alinhamento correto da coluna, o que exige reforçar continuamente o novo estímulo. As manobras são feitas com as mãos. A quiropraxia aumenta a mobilidade articular e alivia a dor, mas há relatos de que seus ganhos vão além. Um paciente com prisão de ventre melhorou as funções do seu intestino depois que as vértebras lombares foram reposicionadas. A técnica considera que cada ponto da coluna está ligado a um órgão. Para que o tratamento seja bem-sucedido, Beatriz alerta que o profissional deve ser formado em quiropraxia, curso superior ofertado apenas em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
“Se você tem abdômen, coxa e bumbum fracos, um dia vai ter dor lombar.” O alerta é do fisioterapeuta André Diniz Ribas, que defende ser fundamental ter a musculatura alongada e estável, o que pode ser ajustado com a reeducação postural global (RPG). A técnica, criada na década de 1980 por um francês, propõe o alongamento máximo dos músculos para dar estabilidade à estrutura óssea. A técnica trabalha com o conceito de cadeia de músculos, daí a razão de pensar a coluna por inteiro. Na primeira sessão, o fisioterapeuta vai identificar grupos musculares encurtados, muitas vezes por causa de tensão física ou emocional, que levam a alterações posturais. Quando perde a flexibilidade, a musculatura freia os movimentos e pode deformar o corpo. O paciente, durante o tratamento, será colocado sentado, deitado e em pé para que os músculos alcancem alongamento máximo. Com o método, a musculatura é estimulada a permanecer alongada, deixando a coluna lombar mais estável, e os ossos se fortalecem. Mais que aliviar a dor, a RPG serve para desenvolver a consciência corporal do paciente. “As pessoas estão longe de conhecer o próprio corpo. Não vou ensinar a sentar, mas vou ajudá-las a perceber qual postura é a mais correta.”
Fonte: Jornal Estado de Minas
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