quinta-feira, 11 de abril de 2013

A importância do amigo imaginário na vida dos filhos


Psicóloga revela até que ponto ter um amigo imaginário é bom para o desenvolvimento das crianças

Se você já viu seu filho conversando sozinho ou passando bastante tempo na companhia de alguém que você nunca viu, provavelmente ele está papeando com um amigo imaginário. Porém, não há motivos para preocupações! Segundo a psicóloga Cecília Cruvinel, a presença de amigos imaginários na vida das crianças é mais comum do que se imagina: “Estudos mostram que quase 70% das crianças têm um amigo imaginário em algum momento da vida, principalmente por volta dos três a sete anos de idade”, explica. Entenda os motivos pelos quais as crianças criam amigos imaginários e até que ponto isso pode ser saudável.

Por que um amigo imaginário?
A especialista afirma que existem muitos motivos para que a criança faça amizade com um ser imaginário. “Um dos principais é a solidão, afinal, a criança está criando justamente uma presença amiga, um companheiro”, comenta a psicóloga.

Ela ainda aponta que mudanças significativas no mundo da criança podem fazer com que ela se apegue a um amigo imaginário: “A perda, isto é, tanto a morte, quanto a mudança de uma pessoa querida e próxima; o nascimento de um irmão; a mudança de algum amigo ou parente para sua casa; a dificuldade de lidar com as regras estabelecidas em casa ou na escola; a separação ou até mesmo uma viagem longa de algum dos pais ou ainda uma mudança de casa ou de cidade são os principais motivos que fazem com que a criança se apegue a um ser inexistente”.

Filhos únicos ou solitários

Se engana quem acredita que somente os filhos únicos criam amigos imaginários. A ausência dos pais e a falta de socialização com outras pessoas podem fazer com que os pequenos fujam para outra realidade.

“Há uma ideia de que filhos únicos são solitários, e pode até ser que, de fato, eles sejam. No entanto, isso acontece quando não há preocupação dos pais de socializar a criança com pessoas de idades parecidas com a dela, e isso, pode acontecer com filhos únicos ou não. Crianças com irmãos muito mais velhos ou que não têm afinidade com os irmãos podem se sentir sozinhas. Ou seja: estar rodeada de pessoas não garante que a criança, já dotada de personalidade, vontade e opinião, não prefira viver no seu mundo interior, isolada do resto”, conta Cecília.

Importância do amigo imaginário
Muitos pais não sabem como lidar com os amigos imaginários dos filhos, preocupando-se demais com esse relacionamento fictício. No entanto, isso é saudável para as crianças, pois, muitas vezes, elas necessitam de uma companhia só delas.

“É importante perceber que a criação desse amigo, que pode ser um animal, um super-herói ou até um adulto, é uma forma saudável e criativa da criança lidar com o que está acontecendo em seu mundo interno. Além disso, estudos apontam que a relação com esse amigo auxilia na construção da identidade da criança e até mesmo em seu amadurecimento”, explica a especialista.

Função dos pais
Os pais devem se preocupar apenas em duas situações: quando o amigo imaginário demorar a desaparecer ou quando a criança não entender que aquele amigo não existe. “As crianças saudáveis sabem que esse amigo não é real e que é uma criação própria, portanto, comandado por ela. Já as crianças que apontam uma certeza da existência desse amigo, ou seja, que têm dificuldades de distinguir o lúdico da realidade e que não têm controle diante dessa criação, devem ser encaminhadas a um psicólogo e, em alguns casos, a um psiquiatra infantil”, complementa a profissional.

A atenção do pais é imprescindível, principalmente quando as crianças são solitárias ou começam a apresentar um comportamento diferente. “Os pais devem observar o que está acontecendo na vida da criança: seu contexto de vida, seus comportamentos e principalmente, suas falas. As crianças sempre dão indícios se as coisas estão boas ou não. Essa observação vai permitir aos pais avaliarem se esse novo amigo representa uma relação saudável ou se traz uma situação preocupante”, revela Cecília.

O essencial é que os pais não destruam a fantasia da criança ou digam para ela que esse comportamento não é certo. “Não é prudente confrontar a realidade da criança ou tentar explicar de maneira lógica aquilo que é um produto da imaginação. Assim, é importante que os pais deixem a criança viver essa relação criativa e só participem quando forem convocados. Nesse momento, devem acolher e adotar o amigo imaginário, pois estarão na verdade, acolhendo e adotando seus próprios filhos”, pontua a psicóloga.

Interferência no dia a dia
Na maioria das vezes, a presença do amigo imaginário não interfere no dia a dia da criança, principalmente porque elas não frequentam a escola e passam mais tempo dentro de casa. “As relações externas ao lar, aos pais e aos parentes próximos só passam a ser importantes para criança por volta dos 7, 8 anos de idade, que é a fase em que os amigos imaginários não são mais necessários e costumam desaparecer.

Quando a relação com o amigo imaginário perdurar e a criança já estiver com uma idade mais avançada e, concomitante a isso, os pais notarem um atraso no amadurecimento emocional, no aprendizado e no estabelecimento de relações de amizade reais é aconselhado procurar um especialista”, finaliza a psicóloga.

Consultoria: Cecília Cruvinel Colmanetti, psicóloga clínica da Clínica Da Matta Fisio, em Belo Horizonte.

Fonte: Portal Papo Feminino

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