segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Artrose no joelho: retorno ao esporte após cirurgia de correção é possível?

Há ampla variedade de tratamentos para a doença. Entretanto, no caso de atletas que também sofram de deformidade em varo do joelho, operação é uma opção eficaz


Com o envelhecimento da população mundial, doenças degenerativas, como a artrose do joelho, têm se tornado cada vez mais comuns. Muitos fatores estão relacionados ao seu aparecimento e desenvolvimento: envelhecimento, excesso de peso ou de trabalho na articulação acometida, exercícios que exijam impacto repetitivos sobre a articulação (como saltos), história familiar e tabagismo. 

Mulheres atletas têm aproximadamente o dobro de propensão em comparação com os homens. Tratando-se de mulheres negras, elas têm o dobro de propensão à artrose no joelho em comparação com mulheres brancas. Há evidências de artrose na maioria das pessoas acima dos 65 anos. Mais de 80% daqueles acima dos 75 anos são acometidos pela artrose, ou seja, a prevalência aumenta com a idade. 

Há uma ampla variedade de tratamentos para a doença. Pessoalmente, considero como ideal qualquer procedimento em que a articulação seja preservada. As opções são fisioterapia com ênfase no fortalecimento muscular, infiltrações articulares com ácido hialurônico e artroscopia. Sempre indico a prótese total de joelho como último recurso. 

Existem casos em que a cirurgia de osteotomia tibial pode ser uma saída eficaz. Como no caso de um paciente jovem que deseje manter a prática esportiva e sofra de artrose isolada do compartimento medial (de dentro do joelho) associada à deformidade em varo do joelho (“joelho de cowboy”). Se os tratamentos tradicionais forem ineficazes, sem dúvidas, a operação é uma opção válida. 

Afinal, o que é o Geno Varo (Genum Varum)? 

O geno varo é uma deformidade resultante de diminuição do espaço articular medial (de dentro), desviando medialmente (para dentro) o eixo mecânico do membro inferior. A tensão anormal sobre o compartimento de dentro da articulação resulta em perda progressiva de cartilagem e osso, que por sua vez aumenta a deformidade. A artrose do joelho com deformidade em varo é uma condição comum em pessoa entre 45 e 74 anos de idade.

A cirurgia de correção é indicada a pessoas com deformidade em varo associada a:

- instabilidade crônica do joelho; 
- lesões cartilaginosas focais ou osteocondrais na parte de dentro do joelho (onde se recebe maior parte do peso), quando existe indicação de proce- dimentos para reparação da cartilagem do tipo mosaicoplastia ou implante de condrócitos; 
- lesão do ligamento cruzado anterior crônica; 
- lesão meniscal com ou sem indicação de transplante de menisco. 

As contra- indicações incluem:

- idade avançada (acima de 60 anos); 
- artrose sintomática em outro compartimento além do medial;
- lesão do menisco lateral com indicação cirúrgica;
- infecção articular prévia;
- artrite reumatoide e outras artrites inflamatórias;
- deformidade acentuada (acima de 20 graus);
- rigidez articular (extensão menor que 10 graus ou flexão menor que 90 graus);
- doenças como obesidade mórbida, diabetes, tabagismo e alcoolismo. 

O sucesso da osteotomia depende de três fatores: seleção adequada do paciente, planejamento meticuloso e técnica cirúrgica correta. Geralmente, calcula-se uma hipercorreção a fim de evitar recidiva da deformidade em varo. 

Período pós-operatório:

Em geral, solicito que o paciente utilize de muletas por pelo menos seis semanas, sendo retiradas de maneira progressiva à medida que a dor desaparece. A capacidade de andar com carga total, sem o auxílio de muletas, é a melhor indicação da consolidação da osteotomia, que geralmente ocorre totalmente após oito a doze semanas. 

É possível retornar aos esportes?

Estudos recentes têm indicado o retorno aos esportes é possível. No entanto, todos os autores são unanimes em dizer que é muito gradual e algum desconforto ou dor pode persistir, comprometendo a performance. Pessoalmente, acredito que os fatores responsáveis pelo retorno ao esporte incluem:
- fisioterapia de excelência pré e pós-operatória;
- fortalecimento e reequilíbrio muscular;
- ganho sensório-motor adequado (pliometria);
- utilização de recursos biológicos associados como a infiltração com ácido hialurônico.



Fonte: EUATLETA

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